Sem sangue tudo pode?


Em 15 de novembro de 1999 entrou no ar a rede brasileira de televisão chamada Rede TV!. É o canal de TV aberta mais novo do país.

A emissora surgiu da extinta Rede Manchete, que teve suas concessões compradas por Amilcare Dallevo Jr e Marcelo de Carvalho, proprietários da nova emissora.

A juventude da emissora foi positiva para ela em alguns aspectos, principalmente no tocante a tecnologia.

Como foi estrutura em um ambiente totalmente diferente das irmãs nascidas muito antes, a tecnologia empregada foi, de início, mais condizente com o cenário mundial atual.

Isso fez com que ela fosse pioneira em alguns aspectos, tendo sido a primeira emissora de TV aberta a transmitir conteúdo 3D com sinal de TV digital abertura.

Foi na Rede TV! que a vida do UFC na TV aberta brasileira se iniciou, atingindo o ápice em 27 de agosto de 2011, no UFC 134, que exibiu ao vivo para todo país Anderson Silva defendendo o título mundial contra Yushin Okami.

Nessa noite de sábado a Rede TV! bateu a Globo em audiência, fato raro e extremamente comemora dentro da jovem emissora.

O sucesso do UFC é tamanho que a poderosa Rede Globo comprou os direitos e transmissão no evento para o Brasil, e passou ela a transmitir a mais nova febre do esporte no país.

O Ultimate Fighting Championship é a maior organização de artes marciais mistas do mundo. Lutadores desse esporte praticam diferentes artes marciais, tais como jiu-jítsu, boxe, luta livre olímpica, boxe tailandês, boxe chinês, caratê, tae kwon do, entre outras.

Desde a entrada massiva do evento na mídia brasileira muitas críticas caem sobre ele, seus adeptos e fãs.

Grande parte das críticas se fundamenta na agressividade dos combates e não classificam como esporte o que ocorre dentro do octógono.

É um ponto de vista, e como todos os outros, mesmo que não concorde, deve ser respeitado.

Os lutadores são atletas extremamente preparados e remunerados para tal. Alguns deles têm status de estrela mundial e os demais trabalham duro para chegar lá.

Profissionalismo e organização do evento não podem ser discutidos, nem mesmo pelos opositores dessa nova tendência tupiniquim.

O que me faz ter, no mínimo, um momento de reflexão é o fato que assistir os Gladiadores do Terceiro Milênio (denominação usada pelo narrador Galvão Bueno ao fazer referência aos lutadores) no octógono choca e causa indignação em boa parte da população, mas essa mesma população assiste e aceita passivamente fatos cometidos pelos políticos que, diferente do UFC, matam milhares de inocentes.

Eu gostaria de sentir a mesma veemência usada nos discursos contra UFC aplicada nas questões de política pública e corrupção.

Milhões são desviados, parlamentares corruptos se sucedem na dança das cadeiras no planalto, pouco e quase nada é feito de fato para melhorar a vida da população, e isso não é, ou pouco é, contestado.

Virou parte da rotina assistirmos os telejornais e engolir esse tipo de informação junto com o bife durante o jantar.

O fato da notícia de milhões de reais deixarem de ser repassados para a saúde e milhares morrerem em decorrência disso não mostrar sangue faz com que seja menos importante e repulsivo do que dois profissionais treinados lutando, muitas vezes de maneira extremo violenta é verdade, e recebendo para tal?

Não estou aqui dizendo que por conta de coisas piores todo o resto se justifica.

A questão é apenas colocar em dúvida alguns valores.

É de total interesse da esfera corrupta da classe política, por exemplo, que assuntos paralelos chamem a atenção da grande massa e funcionem como uma espessa cortina de fumaça, enquanto desmandos de proporções astronômicas ocorrem impunemente.



Referência
http://pt.wikipedia.org/wiki/RedeTV!
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ultimate_Fighting_Championship


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