Como não desejar a Pitaia?
Você está no sacolão.
Ou na feira.
Absorto.
Escolhendo as maçãs que parecem mais apetitosas e suculentas.
Piloto automático ligado.
Corpo se movimentando por procedimento padrão.
É tão rotineiro e enfadante que não lhe chama atenção.
Você faz sem sentir.
Faz sem querer.
Faz sem gostar.
Eis que por um instante você move discretamente os olhos.
Sem sequer movimentar a cabeça.
Algo atrai.
Os olhos, dessa vez com a entusiasmada companhia da cabeça e pescoço, se voltam para o objeto da fugaz atração.
Você então nota uma fruta diferente das companheiras maçãs, peras e bananas.
Trata-se da pitaia.
Aquele fruto de casca vermelha te encanta.
Ainda envolto ao trabalho da seleção das pouco cobiçadas maçãs, você se vê flertando a pitaia.
É injusto?
A maçã não tem menor chance em uma absurda comparação com a pitaia.
Imponente, a pitaia domina o ambiente.
Afrodisíaca, só de olhar.
Parece intocável.
Tal qual um pavão de cauda aberta em meio a animais domésticos.
A vontade é deixar a maçã e ir até a pitaia.
Tocar.
Sentir.
Saborear.
Mas não dá.
Pitaia não é pro seu bico!
Resta-te ir pra casa e tentar, num esforço homérico e cruel, comer a maçã tal qual fosse a pitaia.
A maçã não tem culpa.
Ela é do jeito que é.
Você sempre soube.
Mas a pitaia não é habitue.
É o desconhecido.
E por isso mais gostosa.
Impossível não desejar a pitaia.
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