
Já se foram 8 anos e mais de 124 mil Km.
Considerando um trajeto diário aproximado de 66 Km, temos algo em torno de 1.880 viagens, ida e volta.
Assumindo também uma média de 1 hora e 10 minutos em cada viagem, temos 131.600 minutos ou 2.193 horas ou 3 meses ininterruptos, 24 x 7.
Pela perspectiva financeira, só benefícios.
Pedágio, combustível, depreciação, manutenção e afins.
Economia incontestável.
Milhares e milhares de Reais.
Se a análise levar em consideração o aspecto tempo, também só benefícios.
Mesmo mantendo uma condução consciente e sem esses devaneios, cometidos normalmente por jovens, a viagem em uma motocicleta tende a ser significativamente mais rápida.
Estamos falando de duas das mais movimentadas rodovias do país, em horário de pico.
O trânsito trava, invariavelmente.
E, mesmo controlando os riscos e mantendo relativo grau de segurança, as passagens pelo corredor diminuem muito o tempo de viagem.
Porém, contudo, todavia...
Não existe bônus sem ônus, ao menos para a maioria das pessoas.
Buscar alternativas é algo inerente da vida daqueles que precisam lutar para conquistar algo.
Aquecer as próprias costas, com cobertor e suor próprios, sem apadrinhamento, requer esforço.
O que não é necessariamente ruim.
O fato de fazer algo diariamente e não citar os aspectos ruins, mesmo quando questionado, não significa que eles não existem.
Alguém que não tenha passado por essas experiências em parte da vida não conseguirá ter medida próxima da real.
Frio!
Se você sente frio ao caminhar na rua, não imagina a capacidade de potencializar essa sensação que conduzir uma moto em uma rodovia tem. Não importa quão vestido você esteja.
Calor, sol, pó, vento, neblina, vento lateral, etc.
Chuva!
Não tem como explicar a dificuldade de guiar sobre duas rodas em uma rodovia com chuva forte.
Visibilidade, estabilidade e tranquilidade quase nulas.
Coluna!
Seu corpo reclama. Por mais consciência corporal que você tenha, manter a postura é tarefa quase impossível.
A tensão e a pressão são muito grandes.
O grau de tensão e a pressão a que um motociclista é submetido são extremamente desgastantes.
O nível de atenção que um motociclista precisa empregar em sua condução avalio que seja algo em torno de duas a três vezes maior que um motorista em um automóvel de passeio.
Se diz muito sobre 'guiar por você e pelos outros'.
Sobre duas rodas isso pode significar a tênue diferença entre vida e morte.
Não existem para-choques e latarias para te manter ilesos de momentos de distração ou imprudência, sua ou de terceiros.
Morte.
Quem pilota em rodovias, ao menos na Anhanguera e na Dom Pedro I, convive com isso com frequência aterrorizante.
Não é incomum, ao contrário e infelizmente, ver corpos às margens da rodovia.
Não vou me aprofundar no mérito de discutir responsabilidades, porém fato é que não tem nada preparado nesse contexto.
Nem os condutores, nem nossa malha rodoviária e muito menos nosso ausente transporte público, sem opções.
Não é fácil.
Cabe aos atores nesse complexo contexto zelar pela integridade comum.
Ser sereno e não cometer imprudências descabidas.
Tudo por objetivos maiores.
Avaliação única, própria e intransferível.
Não espere compreensão externa.
Com o tempo nos acostumamos.
Com o ônus e com o bônus.
Com sorriso no rosto.
Acobertando o medo e aparentando tranquilidade, mesmo que não exista.
Foco no destino, por mais dolorosa que seja a jornada.
Princípio, meio e fim.
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