O respeito e a muleta


Era uma vez uma muleta.

Apoiava com firmeza quem dela necessitava.

Útil e cumprindo com retidão seu papel.

Dias, meses e anos se passavam.

Ela continuava lá.

Fiel a seu propósito: ajudar.

Muitos se utilizavam dela sem precisar de fato.

Não importa.

Necessitados ou folgados.

A muleta estava lá, quando e onde precisassem.

Dia, noite, perto, longe.

Certo dia, de tanto uso, a muleta precisou de um reparo.

Seu dono de ocasião, que muito se sustentou sobre ela, não pensou duas vezes.

É hora de trocar.

Essa muleta não serve mais.

Pra que reparar algo que tanto me serviu se posso ter uma nova?

Golpeou violentamente o chão com a muleta.

Destroçada, foi para o lixo.

Moral da história.

Quem mais se apoia em você não titubeará em lhe substituir.

Vampiro suga o sangue e busca novo pescoço quando a fonte seca.

O respeito?

Ah, o respeito.

Não vi.

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