Maleita seletiva


Brucutus.

Carregadores de piano.

Adjetivos diversos para ilustrar as mesmas características básicas.

Avidez física, humildade e doação para o coletivo.

Entrega sem medir esforços para um objetivo maior e comum.

Sem vaidade ou narcisismo.

Nem se preocupar com espelho.

Bunda foi feita pra ralar.

Perna pra correr.

Objetivo pra se alcançar.

Nos quadrinhos, sempre ou quase sempre, os heróis têm seus antagonistas.

Como ilustrado em O Corpo Fechado, de M. Night Shyamalan, um aficionado leitor de quadrinhos que sofre com problemas e é praticamente 'feito de vidro' passa a vida buscando seu antagonista, alguém 'inquebrável'.

É assim a vida.

Contabilidade básica.

Todo débito tem seu crédito.

Entrou em uma conta, saiu de outra.

Voltando ao esporte e a vida, aquele que nada faz para o coletivo se transforma com a bola nos pés.

A maleita dá espaço a atividade intensa.

Olhos no telão, cabelo arrumado para os flashes.

Bola perdida ou lance findado.

Tudo se vai.

De volta o 'couch potato'.

Mãos na cintura esperando os peões de obra fazerem o trabalho sujo.

Controle na mão, deitado no sofá, zapeando.

Se tem alguém relaxando sendo massageado, alguém está trabalhando fazendo a massagem.

Se tem esperto, tem trouxa.

Lei da vida.

Rocha estava errado.

Quem quer rir não basta fazer rir.

Quem nasceu pra palhaço nunca será plateia.

O respeito e a muleta


Era uma vez uma muleta.

Apoiava com firmeza quem dela necessitava.

Útil e cumprindo com retidão seu papel.

Dias, meses e anos se passavam.

Ela continuava lá.

Fiel a seu propósito: ajudar.

Muitos se utilizavam dela sem precisar de fato.

Não importa.

Necessitados ou folgados.

A muleta estava lá, quando e onde precisassem.

Dia, noite, perto, longe.

Certo dia, de tanto uso, a muleta precisou de um reparo.

Seu dono de ocasião, que muito se sustentou sobre ela, não pensou duas vezes.

É hora de trocar.

Essa muleta não serve mais.

Pra que reparar algo que tanto me serviu se posso ter uma nova?

Golpeou violentamente o chão com a muleta.

Destroçada, foi para o lixo.

Moral da história.

Quem mais se apoia em você não titubeará em lhe substituir.

Vampiro suga o sangue e busca novo pescoço quando a fonte seca.

O respeito?

Ah, o respeito.

Não vi.