50 Tons Vermelhos de Frustração


Christian Grey e Anastacia Steele.

Edward Cullen e Isabella Swan.

Os casais da ficção mais em moda e invejados do momento.

O primeiro habita a cada dia mais o imaginário feminino.

Os livros da série 50 Tons são um sucesso indiscutível e talvez sem precedentes.

O mesmo ocorre com o segundo casal, par romântico protagonista da saga Crepúsculo.

E por que tanto sucesso?

Por que tantas pessoas, principalmente as mulheres, se encantaram e se envolveram com essas histórias?

Não li os livros mais comentados do momento e também vi apenas trechos da saga vampira.

Perguntei a uma amiga, ao tomar conhecimento da abrangência mundial dos 50 Tons de Cinza, qual era sua receita mágica.

A resposta dela foi direta.

'Um homem habilidoso, rico, piloto de helicóptero e barco, lindo, bom de cama e capaz de levar uma mulher ao auge do prazer.

Um homem que não existe. '

Pensei comigo mesmo: 'Só isso?'

A resposta então parece simples e se colocou diante de mim mediante a essa resposta.

A insatisfação com nossas vidas.

Todos somos, admitindo ou não, insatisfeitos e frustrados em determinados aspectos de nossa vida.

Uns mais, outros menos.

Mas sempre temos necessidades não correspondidas.

E até onde isso é sadio?

A fascinação com as histórias criadas pela literatura e pela indústria cinematográfica pode trazer más influências e acentuar a insatisfação com o mundo real?

Penso que não.

Na medida certa, ilusão pode ser saudável e servir como uma fuga da realidade.

Nossa vida, por essência, se torna monótona e cansativa.

Cabe a cada um contornar da melhor maneira.

Existe também o lado positivo de toda fuga da realidade.

Apimentar a relação ou trazer romantismo a um relacionamento afetado pelo tempo já é uma ótima influência e terá feito valer a pena.

O problema é quando a busca pela realidade paralela se torna mais interessante que a vida real.

Nesse momento um perigo se instala.

Existe uma linha muito tênue entre o salutar e o exagero.

Christian Grey não chega cansado do trabalho, irritado e sem paciência após um dia regado a Lei de Murph.

Anastacia Steele não tem interminável TPM, não tem problemas profissionais e dificuldades na educação dos seus filhos.

Edward Cullen não tem frustrações, não tem problemas planejando o futuro e pagando as contas da casa.

Isabella Swan não tem medos, se entrega e, por amor, sempre terá um final feliz.

A utópica perfeição nos fascina.

A grama do vizinho é sempre mais verde.

Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse, Amanhecer.

50 Tons de Cinza, 50 Tons Mais Escuros, 50 Tons de Liberdade.

De tempos em tempos obras desse tipo irão virar best sellers e campeões de bilheteria.

Isso porque a necessidade humana é a mesma desde que nossa criação.

Olhamos para o outro lado da cerca com olhos mais brandos e famintos, enquanto para nosso quintal sobra a severidade e a rigidez das críticas.

E vida que segue.

Ao menos até que você se apaixone pelo vampiro da escola e pelo lobo inimigo dele.

Ou que encontre o perfeito e sádico príncipe encantado de sua vida.


Nenhum comentário:

Postar um comentário