Promessas



Tomadas pelo espírito do momento, propício para criar ilusões irreais, as pessoas dizem e prometem coisas.

Da boca para fora.

Ou não.

Talvez até se enganem achando que de fato mudarão.

Algo mudará.

Balela.

Não existe nada especial em datas.

São apenas 'marcos', números.

Exceto para poucos que realmente respeitam algumas delas.

Nada vai mudar no ano novo ou na segunda-feira.

Não é necessário o movimento de um dígito no ano para que algo seja diferente.

Mudanças não precisam ser anunciadas.

Muito menos ditas em antecipação.

Pode ser agora.

No próximo minuto.

Ou nunca.

Nem chegamos ao fim da primeira quinzena do suposto novo ano e é possível notar que as promessas foram só palavras vazias.

Novamente.

Aquilo que você ouviu, talvez abraçado a alguém, não aconteceu e nunca vai acontecer.

Datas são datas.

Em sua maioria apenas comerciais.

Infelizmente.

Ponto.

Faça o melhor que conseguir.

Por si, só.

Esgote suas possibilidades no que só de você depender.

O que vier depender dos outros, não espere.

Se vier, veio.

Ótimo!

Caso contrário, esqueça.

Seja o seu melhor.

Emagreça.

Corra.

Estude.

Engorde.

Deite.

Veja TV.

Faça, você!



Confidencial



Certo dia recebi um e-mail cujo assunto era unicamente a palavra que dá título a este post.

A começar apenas do assunto, o e-mail já é equivocado.

O e-mail tinha como único destinatário a minha conta de e-mail.

Dessa forma, por razões óbvias a meu ver, ele era, como todos os outros com essa característica, confidencial.

Caso contrário não seria um e-mail com destinatário único.

Haveriam outras contas de e-mail em cópia.

Ou não seria um e-mail e sim um post em uma rede social ou algo similar.

Talvez, 'pensando aqui agora com meus botões', pode ser que havia uma conta de e-mail em cópia oculta.

O que justificaria o uso do e-mail.

Mas não o uso do termo 'confidencial'.

Como não existia WhatsApp na época, vamos considerar isso como um atenuante.

Confusão semântica de lado, segue o fluxo.

Por definição, há fogo quando há combustão.

Existir elementos, no PLURAL mesmo, necessários para iniciar uma combustão.

Uma combustão não brota do nada.

O triângulo do fogo, como definido por convenção, é a representação dos três elementos necessários para iniciar uma combustão.

O combustível fornece energia para a queima.

O comburente é a substância que reage quimicamente com o combustível.

O calor é necessário para iniciar a reação entre combustível e comburente.

Dando nome aos bois.

Ou vacas.

Ou quaisquer outros sem nome até o momento.

Combustível: É tudo que é suscetível de entrar em combustão (madeira, papel, pano, estopa, tinta, alguns metais, etc.)

Comburente: É todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustível, é capaz de fazê-lo entrar em combustão (o oxigênio é o principal comburente).

Temperatura de Ignição: Além do combustível e do comburente, é necessária uma terceira condição para que a combustão possa se processar. Esta condição é a temperatura de ignição, que é a temperatura acima da qual um combustível pode queimar.

Não é necessário ser um perito em química ou um palestrante de cursos de brigada de incêndio para realizar algumas deduções lógicas com as informações acima.

Adaptando um famoso dito popular para esse cenário.

Quando um não quer, três não queimam.

Simples assim.

Não adianta, após um princípio de incêndio ou um incêndio de dimensões aterrorizantes, o comburente apontar o dedo na cara do combustível e cobrar os danos ocorridos.

Nunca se esqueça do triângulo.

Polígono de TRÊS lados.

Sem um dos lados, sem triângulo.

Sem triângulo, sem fogo.

Não adianta dissertar sobre a importação ou atuação de um dos lados.

Para a combustão, os três estavam lá.

Portanto, sem desculpas e motivos invocados como subterfúgio.

Ou, simplificando.

'Não me venha com churumelas!'



La dolce vita de Tom Ripley



É questão de criação.

Creio que somos moldados, na grande maioria dos casos, pelos exemplos e nossa memória infantil.

Não raros os casos de sequência de costumes e profissões entre as gerações.

Quem foi criado para trabalhar nunca conseguirá aproveitar as oportunidades que a vida oferece.

Ouvia essa frase e durante muito tempo não conseguia compreender com a devida profundidade sua aplicação.

Sim.

Quem se ocupa demais trabalhando, tal qual como foi doutrinado, não consegue ser oportunista.

Mais que uma questão cultural, é uma questão de caráter.

Escolhas.

Viver e ser visto como alguém correto em grande parte de suas atitudes, alguém que veste as próprias calças.

Viver da maneira mais cômoda possível, não importa a custo e dor de quem.

A primeira opção é a mais penosa.

Parece ser a mais correta?

Mas quem liga para correção em tempos tão fúteis?

Correto é viver.

O segredo parece estar na sutileza do mal.

Ser, sem parecer.

Parecer, sem ser.

Mas também, no final das contas, pouco importa.

O talentoso Ripley tem se demonstrado mais e mais, por todos os lados.

Os reais, diferente do par hollywoodiano, não necessitam estender demais sua atuação.

Direito adquirido é salvo conduto.

Azar de quem será a escada para a subida vertiginosa.

O engana-tico-tico, uma das alcunhas desse ardiloso ser, é conhecido por ser um tipo de parasita.

Durante seu período de reprodução ele, diferente da maioria das demais espécies, não faz ninhos.

Ele espera que outras espécies de pássaros façam o ninho, e então, quando o pássaro se ausenta ele choca seus ovos no ninho da outra espécie.

Quando o pássaro volta, não percebe que tem um ovo a mais e então acaba adotando o filhote do pássaro oportunista.

Na maioria das vezes o filhote do ardiloso pássaro nasce primeiro que o filhote do pássaro que construiu o ninho.

Dessa forma, quando nasce o filhote, seu irmão 'adotivo' já está sendo alimentado e o legítimo muitas vezes não consegue se desenvolver e morre.

Chupim, o pássaro oportunista.