Uma espécie em extinção
Sinto-me completamente desapontado com a raça humana.
Sei que generalidades e radicalismos devem ser evitados e combatidos, mas esse é o sentimento que me povoa atualmente.
Tenho medo.
Se for ao mercado, que dista longínquas duas quadras de casa, preciso me policiar para não carregar comigo nada que chame atenção de algum marginal de plantão.
E não estou falando de suntuosas correntes de ouro e um adereço carnavalesco em forma de pingente, como usam pagodeiros ou rappers americanos.
Coisas simples, como carteira, relógio, aliança e bolsa são chamarizes tentadores para a praga do século.
Sim, essa legião do mal que tomou de assalto a sociedade são definitivamente a praga urbana que parece irá acabar com nossa sociedade no modelo que conhecemos hoje.
A civilidade irá perder espaço para a animosidade que é consequência inevitável do medo.
Pessoas sendo incendiadas por não portar consigo algo de valor que satisfaça um bandido?
É tão absurdo e deixou de ser exceção.
E nos acostumamos a ver isso no jornal enquanto, consternados, digerimos nosso jantar.
E o pior é que deixa de ser chocante ao ponto que os acontecimentos se sucedem.
Acostumamos-nos com isso.
No dia seguinte, quando ocorre de novo e vemos na TV, já não atrapalha tanto nossa digestão.
A sociedade do medo.
E não adianta solicitar a visita das equipes de controle de pragas urbanas.
Essa praga parece não ter antídoto.
É brutal.
Um tiro é disferido por nada.
Por R$ 5,00.
Ou por você não ter R$ 5,00.
Vejo um movimento, incipiente e em palavras em sua maioria, mas que parece estar ganhando força e ter consequência devastadora.
O fim da civilidade pode ter encontrado seu ponto de partida.
Pessoas estão começando movimento de armamento civil.
Ouvi de alguns que têm a intenção e outros, ainda poucos, que já fizeram a escolha e irão se defender por conta própria.
A sociedade não sente segurança em ser protegida pelas instituições responsáveis.
Será cada um por si?
Olho por olho e dente por dente?
É o melhor caminho?
Parece ser o único e inevitável.
Como condenar um pai que compra uma arma para defender a família?
A explosão habitacional encabeçada por apartamentos e condomínios não é apenas modismo.
Segurança, ou falta de, molda o comportamento das famílias.
A opção pela suposta maior segurança dos condomínios é crescente.
As casas parecem presídios.
Esforçamos-nos para ficar presos em nossas casas, enquanto a bandidagem solta pelas ruas escolhe suas vítimas.
Cercas elétricas, câmeras de segurança, alarmes, ronda armada.
Muitos bem materiais para proteger?
Não.
O temor pela vida.
Pela banalidade que ela ganhou.
Perdi a esperança na sociedade.
Na minha humilde ignorância não vejo ações que possam, nem a longo prazo, contornar essa guerra civil velada que se instalou sem piedade em nosso mundo.
Que a fé nos mova e um caminho seja apontado.
Caso contrário a sociedade será extinta.
Ao menos do jeito que conhecemos.
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