Cinema: Arte ou Política?



O cinema é uma manifestação cultural, criada por variadas culturas que nela se refletem e que, por sua vez, as afetam.

É uma arte fascinante e poderosa, fonte de entretenimento popular e pode, e acho que é usual e erroneamente aplicado dessa maneira, tornar-se um método eficaz de influenciar os cidadãos.


Oscar é um prêmio entregue anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas americana.

São celebrados anualmente pela Academia, em reconhecimento a excelência de profissionais da indústria cinematográfica, profissionais como diretores, atores e roteiristas.

A cerimônia de entrega é uma das mais importantes do mundo e acompanhada por milhões de pessoas.


A cerimônia deste ano dar-se-á em 24 de fevereiro próximo.

Detalhes em torno do evento deste ano, alguns não tão explícitos, merecem destaque.

Esse ano, ao contrário do que tem acontecido como regra nas últimas premiações, a maioria dos indicados ao grande premio da noite, o de Melhor Filme do Ano, alcançaram sucesso junto ao público.

Cinco indicados ao prêmio já ultrapassaram a marca de US$100 milhões na terra de Obama.

Lincoln, Django Livre, Os Miseráveis, Argo e As Aventuras de Pi.

Os outros cinco concorrentes na inchada lista ainda podem, com pouca probabilidade, alcançar essa marca, visto que distamos um mês da chamada "celebração da arte".

Esse fato, por si só, representa uma quebra de paradigma.

Por vezes temos a impressão que filmes que agradam o grande público são preteridos pela Academia.

E que filmes que ganham são, em sua maioria, técnicos e não atingem em cheio os fãs da sétima arte.

Exemplo claro disso é o faturamento de O Artista e O Discurso do Rei, ganhadores da honraria em 2012 e 2011, respectivamente.

Não estou clamando aqui que filmes populares devam ser premiados.

De maneira alguma.

X-Men, Homem-Aranha e companhia têm seu propósito comercial e devem ser mantidos lá.

Oscar não é local de frenesi adolescente.


No entanto, em minha opinião, o ponto primordial a ser observado e refletido é outro.

A veneração à capital americana.

Lincoln, com doze indicações, é crônica de Steven Spielberg sobre o 16 º presidente e à 13ª Emenda.

Argo, de Ben Affleck, com sete indicações, dá vida a uma missão da CIA para resgatar funcionários norte-americanos presos em Teerã durante a crise dos reféns de 1979.

A Hora Mais Escura é retrato complexo de 10 anos de esforço de militares e de inteligência para rastrear Osama Bin Laden.

O fato é tão evidente que o The Washington Post diz que 24 de fevereiro é a noite para Washington brilhar.

Os filmes podem ser, e acredito que realmente são, merecedores das indicações.

Mas dúvidas são inevitáveis.

Foram eles patrocinados e incentivados pela cúpula americana?

A escolha foi imparcial e não influenciada pelo tema?

Não sei.

Talvez seja teoria da conspiração demais.

Mas que é conveniente ter a população influenciada e alinhada com os interesses do governo, isso é.

E que filmes como esse são, como escrevi no começo, um método eficaz de influenciar as pessoas nesse sentido, sem dúvida são.

Cabe a cada um tirar as próprias conclusões.




Fonte:
http://www.washingtonpost.com/entertainment/movies/oscar-nominees-lincoln-argo-and-zero-dark-thirty-honor-washington-process/2013/01/10/8e84b89a-5aa1-11e2-beee-6e38f5215402_story.html?hpid=z6
http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-102230/